domingo, 30 de junho de 2013

Na crista da onda

Ontem foi uma boa noite, ou noite boa, melhor escrevendo. Não se pode pedir muito mais do que boa companhia aos pés do mar, cujos murmúrios eram a banda sonora doce, lenta, suave, formando e embalando os sonhos por madrasta sorte condenados ao naufrágio num mundo sem contemplações.

Cerro os olhos. Vejo com mais clareza. O negrume é interrompido. Luz sim. Luz não. Luz sim. Malmequer, bem-me-quer. A tormenta só se faz sentir no interior. Penso no vazio, não no longo debate sobre o significado do nada, passatempo de filósofos, pois tal não sou, mas na ausência de alguém que desconheço. Acendo a candeia, avanço pela chuva aos tropeções. Bombordo, estibordo. Oscilante. Não adianta, não chego ao vazio. Ainda não é a altura certa.

Sociais. Seres sociais, é como nos definem. Não deixo de ficar maravilhado com o efeito que o toque tem nas pessoas, e tão fácil é perceber se a pessoa está habituada ao toque. A criança privada de carinho e de braços aconchegantes ilumina um anfiteatro quando finalmente recebe afeto, os olhos brilham, produzem luz própria que é derramada pelos corredores. Os adultos avessos ao toque, indefesos, diminuem de tamanho quando confrontados, o frágil ser que dentro habita chora de alegria, as respostas comuns deixam de fazer sentido. A fachada imobiliza-se, chegam sinais contraditórios. Quieto. Afasta-te. Corresponde. Reage. Sorri. O forte foi derrubado. O Rei morreu. Viva o Rei!







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