sexta-feira, 21 de junho de 2013

The Absent Life

Foi há quase 3 anos o último post (peço desculpa aos puristas, mas não há nenhuma tradução de "post" que me agrade).

Promessa por cumprir, a do ReBirth.

Hoje dei-me ao trabalho de ler os devaneios de 2009 e 2010, tendo vindo à memória sentimentos que repousavam nas profundezas da mente. Devido à aura de negatividade que fabriquei em torno da minha persona nos últimos anos, é estranho ler o que sentia o ego daquela altura. É estranho ler o que sentia durante a travessia do deserto (terminada?), a ironia crua, o tom lúgubre, as referências ao divino, a escrita negra.

Isso faz-me pensar no significado de Identidade. Pode-se dizer, sem margem para dúvidas, que a mesma pessoa escreveu em 2009 e está neste momento a fazer renascer o blog das cinzas?

Hipótese pragmática: sim, a não ser que tenha sido pouco cuidadoso na escolha da palavra-passe. Os hackers estão à espreita.

Hipótese fantástica: as alterações sofridas pela psique de um ser ao longo do tempo são suficientes para que possamos falar na existência de pessoas diferentes, identidades distintas, dois indivíduos, de facto, amaldiçoados na partilha forçada do mesmo vaso corpóreo ao longo de um tempo t, ilusão das ilusões, truque houdinesco, há milénios impedindo que os seres sejam livres (liberdaaaaaaaaaaaaaaaaade!), presos que estão na teia da carne* antes propriedade de outrem.

O que mudou nestes três anos? Inúmeras crises? Erros seguidos de erros? Caminho para a maturidade? Sonhos em decomposição? Prioridades trocadas?

A maior alteração terá sido o meio utilizado como escape. O cinema preenche o que antes partilhava com a leitura. Ebert tornou-se um ídolo tal qual Garcia Marquez. O mundo continua a girar, se bem que mais devagar. A Humanidade continua a ser um mistério. O sentimento de ausência continua forte. A impossibilidade de consciência na ausência faz doer. O tornado Confusão acalmou, poupando vidas, destruindo corações.

Em frente, que atrás vem gente.

* Não acredito na dualidade corpo-alma. Ao contrário da persona de 2009, sou um ateu convicto.






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