terça-feira, 11 de agosto de 2009

Humor. Pequeno conto, 2ª parte.

Líquido? Psicológico? Patológico? Latino? Anglo-saxónico?

Eis como cinco letras organizadas segundos ocultos desígnios carregam tão variados significados, desde os maus humores que, presumia-se, provocariam a peste, ao mau humor que hoje trago, não na forma líquida.

Dizem os sábios que uma boa gargalhada cura tudo. A propósito disso, deixo ficar uma frase de Bill Cosby: "Through humor, you can soften some of the worst blows that life delivers. And once you find laughter, no matter how painful your situation might be, you can survive it.". Sendo assim, porque não mandar batalhões de palhaços para palcos de guerra, fome, SIDA, miséria...?Sem dúvida um sorriso curará a ferida causada por uma bala perdida.

O meu riso preferido é o choro. Imbecil, o choro não é um tipo de riso. Como ia dizendo, o choro é o meu riso preferido. E insistes... Gosto de analisar esses assuntos do ponto de vista afectivo. Nem do ponto de vista lateral o choro é um riso. E, de facto, não há nada mais bonito do que ver alguém a chorar de alegria, seja um atleta olímpico que contornou barreiras intransponíveis para vencer uma medalha, seja um casal que, maravilhado pela oportunidade divina de gozar a companhia um do outro, chora na primeira vez que faz amor.

Quando imagino o Diabo, Belzebu, Satanás, Lucífer ele está sempre a rir-se. Associarei eu o riso à maldade intrínseca? E quando as pessoas (sor)riem genuinamente por motivos felizes? Falsas? Será que Deus sorri? Imagino-o sempre triste, sereno. Simpatizo mais facilmente com pessoas assim, com uma pequena aura de tristeza, sei lá, têm algo de puro nos olhos, nos gestos, na inocência. O riso é feio, faz-me ficar desconfiado. E explicar o porquê do choro ser um riso, não? Se calhar não é mesmo... o choro é genuíno.

Sentada ao piano, vem-lhe à cabeça o virtuoso polaco. Concerto para piano número dois em F menor. Os dedos deslizam, dotados de vontade própria, determinados a amainar a tempestade pelo poder da música. Eis que se instala o silêncio lá fora. Aqueles juntaram-se à tempestade e escutam, tentando simultanamente saborear. O mais velho d'aqueles, experiente, nota um travo a baunilha, talvez com um toque de frutos silvestres colhidos na véspera. Não se contêm com o prazer e explodem. Ela ouve tudo, enojada. Homens.




Sem comentários:

Enviar um comentário

Pensa ou Reflecte